Gastronomia

Sopas do Império ou do Espírito Santo

Prato típico, de simplicidade acentuada, confecionado em panela de ferro e servido numa sopeira que contem as sopas de pão de trigo cortadas com a hortelã e endro por cima, sendo posteriormente demolhadas com o caldo que cozeu a carne de vaca e o repolho. A sopeira é acompanhada com a carne, servida num prato à parte, e com vinho de cheiro mariense.

Caldo de Nabos da Terra

Prato típico confecionado com os “nabos da terra”, nome por que é conhecido o nabo mariense que tem caraterísticas distintas dos restantes. Além de toda a preparação inicial dos nabos (a raspagem, o corte em lascas e o escaldar com água a ferver, que não é aproveitada), a sua confeção é feita, preferencialmente, em panela de ferro, juntamente com carne de porco, chouriço, toucinho e batata doce. É servido juntamente com pão caseiro partido em fatias e molhado com o caldo, juntamente com todos os condimentos que acompanharam os nabos na sua cozedura.

Bolo na Panela

Prato, tipicamente, confecionado em panela de ferro e que engloba várias fases de preparação: a primeira relacionada com a cozedura da carne de porco, o chouriço e o toucinho; a segunda no aproveitamento de parte da água desta cozedura para escaldar a farinha de milho para o molde do bolo e a restante água para a cozedura das couves picadas grosseiramente e da batata da terra; a terceira no molde dos bolos em forma redonda e achatada, colocados alternadamente entre camada de couve e batata, camada de bolos; e a fase final, quando se volta a juntar as carnes para aquecer todo o prato.

Molhos

Os “molhos” marienses resultam do aproveitamento das peles e do bucho do porco, sendo estas transformadas em bolsas, cozidas com agulha e linha, preenchidas com recheio de bocadinhos de carne de porco, toucinho, arroz, cebola, alho, salsa picada e especiarias como a pimenta e colorau, temperado com sal. Em alternativa, também se usavam sacas de pano e couve para enrolar o recheio, a fim de ser devidamente cozido.

Caçoila

Prato também conhecido como “molho de fígado” que tem como ingredientes o lombo, faceira, toucinho, entrecosto e fígado de porco. Estas carnes, exceto o fígado que é cozido à parte, são lavadas, partidas, temperadas e misturadas com vinho a “tomar gosto” (marinar) de um dia para o outro. A “caçoila” vai a derreter na panela e quando a carne está com uma cor loira é que o fígado é misturado. Este preparado é arrumado em terrinas de loiça da “Lagoa” e coberto com a banha que derreteu.

Alheiras

Este prato, distinto dos produtos do mesmo género, é feito utilizando as tripas de porco para encher com os aproveitamentos, cozidos e picados de forma miúda, da cabeça e peles do porco. A água da cozedura é aproveitada para demolhar o pão caseiro, partido às fatias, e posteriormente espremido para ser juntado às carnes, peles picadas e tempero. As tripas, depois de enchidas, são separadas com barbante em canudos e penduradas em paus com várias ramificações para serem cozinhadas com o fumo da lenha.